24 February 2012

DIARIO DE UM CONSTRUTOR DA CIDADE-RUYAN

O objeto mais importante das expedições é o diário de bordo. Ele é a memória viva dos acontecimentos vivenciados, das observações e pensamentos tidos… A partir de hoje começaremos a publicar o diário do construtor da cidade-Ruyan que está participando no «Expedition Trophy 2012».

21 de Fevereiro
Moscou. Conferência de imprensa. Música. A banda musical «Expedition» cantou pela primeira vez o hino da cidade-Ruyan. Os organizadores do «Expedition Trophy» e construtores da cidade-Ruyan falam do projeto para as câmeras de televisão, jornais e estações de rádio de vários países. Estamos planejando atravessar todo o continente, desde o oceano Pacífico até ao Ártico, partindo de Vladivostok e com chegada programada em Murmansk. Queremos convidar todas as pessoas que se cruzarem no nosso caminho para visitarem a nossa jovem cidade que estamos ainda construindo. No ponto inicial da prova, no outro lado do continente, já temos as viaturas nos esperando. Elas estão levando os últimos retoques e afinações dos nossos motoristas. O pessoal da organização da prova está reunindo os convidados para a nossa apresentação. As despedidas são feitas em Moscou. Música. Apertos de mão. Desejos de boa sorte. Da janela do avião da Aeroflot dá para ver a fileira de luzes. É que onde não há cidades ardem os archotes dos poços de petróleo da tundra e da taiga. O inverno cobre a Terra e dá a sensação que não há no mundo força que o mova daqui e faça derreter o gelo.

23 de Fevereiro
Vladivostok. Neve macia. Uma montanha de coisas para fazer. Preparamos tudo. Fomos convidados para dar uma palestra na biblioteca da Universidade Federal do Extremo Oriente – um foco de intrução no Extremo Oriente russo. As pessoas aqui estão construindo suas vidas. Estão construindo duas pontes imensas. Estão construindo novas casas na ilha Russa. A grandeza das construções daqueles que vieram para aqui está catapultando a autoestima dos já por si orgulhosos habitantes de Vladivostok. A paciência das pessoas que vivem aqui consegue vencer o tráfego nas ruas, as sinuosas edificações e os estereótipos dos visitantes. Homens fortes e mulheres bonitas dão grande vantagem a estas modernas pseudo-cidades pós-coloniais, e até mesmo aos países do Sudeste Asiático. Foi neste ambiente que falamos da cidade-Ruyan. Todos nos escutaram com atenção e desejaram boa sorte. Alguém calmamente deixou bem claro que já sem a nossa cidade eles têm muito o que fazer. Houve ainda quem, tendo já se esquecido da história de Port Arthur, achava ser impossível influenciar a História do país a partir do Extremo Oriente e da Sibéria. Pareceu-me desnecessário tentar provar com palavras o que quer que fosse a essas pessoas. Obrigado pela vossa calorosa despedida perto do farol.

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